"Sem força política, esquema no INSS não prosperaria", diz Duarte Jr.
Desvios de aposentadorias e pensões foram fomentados por servidores antigos do INSS com respaldo político, afirma vice-presidente da comissão parlamentar de inquérito.
09/10/2025
O deputado Duarte Jr. (PSB-MA), vice-presidente da CPMI do INSS, afirmou que o esquema milionário de corrupção dentro do órgão só prosperou graças à proteção política. Segundo ele, sem apoio e influência de agentes com poder, o grupo não teria conseguido operar por tantos anos.
"Ninguém conseguiria penetrar numa estrutura como o INSS por tantos anos sem proteção política. Não importa se é da direita ou da esquerda - quem errou vai responder", declarou o parlamentar em entrevista ao Congresso em Foco.
Duarte afirmou que as investigações revelaram um esquema de desvio de recursos operado por servidores de carreira em parceria com associações e empresas de fachada. O dinheiro, segundo ele, era descontado de aposentados, pensionistas e pessoas com deficiência, desviado por meio de contratos falsos e retornava aos próprios servidores.
"Quem fomentou esse esquema foram servidores do INSS com mais de 30 anos de casa. A esposa de um procurador recebeu mais de R$ 5 milhões por meio de uma empresa de fachada", disse Duarte.
O esquema funcionava por meio da autorização de descontos em folha a associações, que repassavam os valores a empresas criadas apenas para emitir notas frias. "O dinheiro voltava para dentro do INSS, para pessoas que deveriam defender o órgão", afirmou o deputado. Segundo ele, ao menos 22 dessas empresas estão ligadas ao operador conhecido Antônio Carlos Camilo Antunes, mais conhecido como o "Careca do INSS".
"Não estamos falando de quem roubou por necessidade. São procuradores e servidores estáveis, com boa renda, que exploraram a confiança do Estado para roubar idosos e pessoas com deficiência", criticou.
Com histórico de atuação no combate à corrupção no Maranhão - onde presidiu o Procon e a CPI dos Combustíveis -, Duarte defende uma investigação sem interferência política. Ele acredita que o esquema se espalhou por vários governos. Por isso, destacou, é preciso que a comissão supere as batalhas político-partidárias para cumprir sua missão.